CASAS PARA ANGOLANOS E A NOVA APOSTA DA CAMARGO CORREIA

Casas para angolanos é a nova aposta da Camargo Corrêa14/09/2007Valor, Yan Boechat, 14/setDois anos após entrar no mercado angolano de infra-estrutura, onde já conta com uma carteira de contratos de US$ 400 milhões, a construtora Camargo Corrêa decidiu seguir os passos de sua maior concorrente na África, a brasileira Odebrecht, e vai também atuar no aquecido mercado imobiliário de Luanda, a capital do país. A companhia se associou à construtora angolana Escom, controlada pelo grupo português Espírito Santo, para atuar, inicialmente, no segmento residencial de imóveis destinados à emergente classe média angolana. A curto prazo, estima a Camargo Corrêa, sua divisão imobiliária em Angola deve ser tão grande ou maior que os negócios ligados à infra-estrutura, como a construção de estradas e linhas de transmissão.O primeiro lançamento da Camargo Corrêa como incorporadora em Angola deve ocorrer no próximo mês. Trata-se de um conjunto de três torres de 25 andares, que terá um conceito idêntico ao que no Brasil se convencionou chamar de condomínio-clube, com uma ampla área de lazer. Localizado em bairro Talatona, o negócio será tocado em parceria com a Escom. "Mas toda a elaboração do projeto ficou por nossa conta e seremos também os responsáveis pela construção do empreendimento", afirma Amauri Pinha, diretor da Divisão África da Camargo Corrêa.O preço dos imóveis, altos para padrões brasileiros ou mesmo portugueses, são comuns na capital de um país destroçado por quase 30 anos de uma guerra civil, que só veio a ter fim em 2002. Com a explosão da exploração de petróleo após o fim dos conflitos (hoje o país e membro da Opep), e a consequente invasão de estrangeiros, o valor dos imóveis de alto padrão foi inflacionado de forma abrupta.A própria Camargo Corrêa contribui para essa inflação. A companhia tem, hoje, 60 brasileiros no país. Mas, por conta da expansão dos negócios, deve ampliar esse número para cerca de 210 até o fim do ano. O mesmo vem ocorrendo com dezenas de multinacionais que estão se instalando ou se expandindo no país. Quase todos são executivos, que demandam residências de qualidade. "Hoje, não se aluga uma boa casa para um executivo por menos de US$ 15 mil ao mês", diz Pinha. "Sendo que se é obrigado a pagar dois anos de aluguel adiantado", afirma.Preços exorbitantes como esses são reflexo de um desequilíbrio macro-econômico difícil de ser encontrado em outros lugares do mundo. Com o aumento da exploração do petróleo e de diamantes, as bases da atual economia angolana, o país cresceu cerca de 18% em 2005 e mais de 25 em 2006. Com isso, é claro, há muito mais demanda do que oferta, em todas as áreas. É exatamente nessa escassez de ativos imobiliários que a Camargo Corrêa está mirando seu foco.O primeiro projeto da companhia com a Escom, na qual é minoritária, é voltado para esse público de alta renda. O segundo, um conjunto de três torres residenciais com mais de 100 mil metros quadrados de área construída no centro de Luanda, também. A estimativa da Camargo Corrêa é de que esse empreendimento, que será lançado no final do ano, deva ser comercializado a um preço médio de US$ 7 mil o metro quadrado. "Os preços podem levar a acreditar que teremos margens absurdas, mas é preciso entender que os custos de produção onde tudo é importado não são baixos", diz Pinha.Esse ano, estima a Camargo Corrêa, os empreendimentos devem gerar um Valor Geral de Vendas (VGV), a receita potencial dos projetos, da ordem de US$ 500 milhões, sendo que 20% disso ficaria com a empresa brasileira. Mas, com as expectativas de crescimento rápido, Pinha prevê que já em 2008 o VGV da companhia deva ser de US$ 300 a US$ 400 milhões, o valor de sua carteira de contratos de obra de infra-estrutura no país.

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